Os benfiquistas anseiam por um jogador que traduza em golos a qualidade que a equipa evidencia a criar lances de perigo para a baliza adversária. Ora, se bem me recordo Rui Águas foi o último grande ponta-de-lança -na verdadeira acepção do termo- que envergou a camisola dos “encarnados”. O filho do bi-campeão europeu José Águas fez 30 golos no antepenúltimo título nacional benfiquista que remonta a 1990-91. Quinze anos depois verificamos que mais nenhum jogador do emblema da Luz inscreveu o seu nome como goleador mor da Liga portuguesa. Nenhum…perdão! Na época 2002/2003 Simão Sabrosa foi o melhor marcador com 18 golos a par do então aveirense Fary, factor que não lhe chegou para vencer o troféu porque o jogador do Beira-Mar jogou menos partidas que o número 20 benfiquista e esse era o principal critério de desempate.

O que se terá passado então com a política de contratações do Benfica para que o clube nunca mais tivesse um avançado de excepção? Sucessivas crises desportivas que os “encarnados” viveram ao longo dos últimos 11 anos e consequente falta de verbas para investir poderão ser as razões mais fáceis de encontrar.

Hoje, o Benfica é um clube com um rumo diferente. Com uma estratégia muito mais rigorosa e bem definida. Com a entrada de Luís Filipe Vieira para os comandos “encarnados”, os títulos voltaram e o prestígio internacional também. Mas os grandes jogadores custam, por norma, muito dinheiro. Isto, a menos que duas hipóteses se coloquem: descobri-los quando ainda são desconhecidos ou saber procurar os casos de talento perdido noutros campeonatos. Ora há um ponta-de-lança de classe mundial perdido na Rússia. Chama-se Fernando Cavenaghi, nasceu a 21 de Setembro de 1983, em O´Brien, na Argentina, e foi transferido do River Plate para o Spartak de Moscovo no início da época 2004/05. Mas o frio e o modo de vida daquele país não ajudaram à integração de "El Torito" que se encontra insatisfeito com a sua situação no clube russo. O seu passe está avaliado em cerca de 8 milhões de euros, verba que julgo ser elevada tendo em conta a prestação que o jogador teve até ao momento na Europa. No entanto, julgo que o Benfica poderia tentar a sua contratação num molde de empréstimo com direito de opção. Assim seria possível testar a sua adaptação ao clube e à liga portuguesa e caso esta ligação desse frutos no final da época o Benfica poderia exercer a opção de compra por 5 ou 6 milhões de euros (negociando).

O Benfica está na expectativa. As transferências não concretizadas de Manuel Fernandes, “presa” por problemas físicos do jogador, e a de Simão, que se mantém num impasse, não estão a ajudar os responsáveis benfiquistas a colmatar as três lacunas detectadas por Fernando Santos. Um defesa esquerdo, um médio esquerdo e um ponta-de-lança goleador. Caso saiam Manuel Fernandes e Simão, o Benfica encaixa 29 milhões de euros neste defeso o que lhe dará uma boa margem negocial para adquirir os jogadores pretendidos pelo treinador. Caso Simão se mantenha e Manuel Fernandes saia, o Benfica encaixa 9 milhões de euros por 50% do passe (já tinha recebido 6 milhões pela restante metade) que chegarão para negociar 3 bons jogadores, mas ficará mais forte desportivamente, pois conseguiria manter o capitão de equipa. A ver vamos…os próximos dias deverão trazer novidades. O tempo urge porque a pré-eliminatória da Liga dos Campeões está aí à porta, é já no dia 8 de Agosto.

2006 - Spartak (13/6)

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